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Insanity

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"Sábado, 17 de Junho de 2006

Sim mais uma vez te escrevo, desta vez tenho más notícias, sei que não vais gostar de as ouvir, mas já não consigo guardar tudo em mim.
Estou tão ausente das nossas vidas, lembras-te do quanto éramos felizes?
Afastei-me dos nossos amigos, já não tenho esperanças.
Já não saía do quarto à algum tempo, mas ele continuava a vir ter comigo, para esperança dele e da mãe estava melhor, ele sabia que aquilo iria acabar, e ele pensava que tinha chegado o fim. Sei que ficarias feliz por mim, sei que ficarias ainda mais feliz por saber que consegui esquecer o que há tempos se passou com aquela pessoa que nós sabemos. O que ele e a mãe não sabiam era que eu continuava a entrar em pânico, que estava cada vez pior e tudo indicava que iria ficar pior com o passar do tempo.
A mãe estava farta daquela situação, eu não saía de casa, havia dias em que nem se quer me levantava da cama, ele entrava à hora de almoço passava o dia e a noite comigo e saía de manhã cedo.
Sempre foi assim, lembras-te quando éramos mais novas? Quando tudo começou ele não saía do meu lado, ficávamos os três a conversar sobre tudo, alimentando a esperança que eu melhora-se ocupando o tempo e não pensasse no que tinha acontecido.
A mãe mudou tanto, desde da partida do pai, e da tua, ela já não é a mesma. Está mais fria e já não se preocupa com nada. Ficava dias sem a ver, mas desde de uns tempos atrás que ela se tem preocupado de mais. Sabia que não podia ser coisa boa, porque cada vez que ele chegava ela trancava-se no quarto ou na cozinha.
Até ao dia em que a mãe o mandou embora, naquele momento iria com ele, não sei como pois não tinha forças para nada, estava pior e para piorar a situação estava a ficar doente, mais do que já estava, ele foi mas prometeu que voltava. Eu não aguentava estar sem ele, parecia que já nada fazia sentido, eu suplicava a ela para o deixar voltar, para o ir procurar pois eu estava cada vez pior. Ela simplesmente não me deu importância.
A partir desse momento o tempo parecia que não passava, os dias transformaram-se em semanas, as semanas em meses. Ficava os dias todos a janela a ver se ele passava. Passaram-se meses sem saber nada dele.
Começara a perder a esperança, andava exausta não dormia à dias. E comecei a ter pesadelos, sonhei que ele me tinha deixado de vez, que não iria sentir o cheiro dele outra vez, nem o olhar nos olhos. A partir daí comecei a ter alucinações, a ouvir a voz dele e a sentir a presença dele. Mas foi tudo piorando as vozes começaram a ser mais e cada vez ele “aparecia” com mais frequência. Comecei a tomar medicamentos, ela obrigava-me, pois dizia que eu começava a partir tudo, sim de facto parti tudo o que estava no meu quarto, tudo o que sobrou foram as nossas fotografias e a cama, fui aumentando as doses.
Houve um dia que não acordei, lembro-me apenas dos pesadelos que tive nessa noite com ele, e quando acordei estava numa cama de hospital. Eu estava acordada, mas não conseguia pensar, a médica disse que era normal, tinha tomado muitos comprimidos e o meu corpo ainda se estava a habituar a estar sem eles.
Comecei a chorar, eu queria vê-lo, estava cheia de saudades e saberia que ele vinha, tentava não dormir. Quando cheguei à exaustão mais uma vez adormeci, e sim desta vez sem medicamentos. Quando acordei tinha uma carta e o fio dele na minha mão.
A mãe chorava e eu não conseguia pensar, não fazia a mínima ideia do que se tinha passado. Ela apenas pedia desculpa.
Ele deixou-me, ele escreveu na carta que não aguentava estar sem mim, e pediu desculpa por me ter deixado. Não me disse para onde foi, apenas que voltaria a escrever ou que me telefonava. O meu mundo desabou. Já nada fazia sentido, a esperança esgotara-se e eu culpei-a pela ausência dele.
Queria ir ter com ele, ela disse que já tinha perdido o pai e tu, não me queria perder. Senti pena dela, fazes-nos tanta falta.
Ela saiu e nunca mais voltou, sei que ela me vem visitar quando estou a dormir. Deixou-me aos cuidados do hospital, sim ela internou-me.
Agora os meus dias são passados em branco, sinto-me cada vez pior. Todos me tratam como uma louca. Mas eu sei que não estou, por favor diz-me que não, diz-me que todas as vozes que oiço são normais, e que ele um dia vai voltar. Diz que um dia vamos voltar a sorrir como de antes fazíamos. Diz que um dia vamos ficar todos juntos e eu vou poder estar com ele.
Por agora é tudo o que tenho para te contar, sei que não vais ficar contente comigo, mas eu sei que compreendes.

Com saudades

De quem te adora muito"
Image size
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Make
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Shutter Speed
123254/1000000 second
Aperture
F/2.9
Focal Length
6 mm
ISO Speed
128
Date Taken
Jun 11, 2006, 10:30:59 PM
© 2006 - 2024 MyWineInSilence
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